Evento no Senai Barueri mostrou crescimento e oportunidades na flexografia

 

Um dia dedicado a debater o panorama do segmento de papelão ondulado para impressão e conversão de embalagens. Assim foi o Flexo Talk & Show no mês de maio no Senai Barueri. O evento da Abflexo teve, nesta edição, a coordenação do diretor de Conversão em Papelão Ondulado da Associação, Jorge Brandão, da Brandão Associados.

 

A primeira palestra foi com Gerson Aparecido de Deus, instrutor do Senai, com conceitos gerais da flexografia no papelão ondulado, reforçando sua evolução e o salto na qualidade em software, tinta, fita, chapa, anilox e outros. “Sempre buscamos o lucro, mas ele precisar estar atrelado à qualidade”, reforça. Dentro disso, está o controle das variáveis: “A principal ferramenta para lidar com variáveis é o conhecimento”.

 

Gerson falou de características das artes para papelão ondulado. “Para fazer uma arte de flexografia, preciso em primeiro lugar saber o que vou rodar para saber os cuidados que terei, seja traço ou cromia”. Assim, é preciso analisar como trabalhar com imagem e vetor, fazer o trapping e o fechamento correto de arquivo, evitando o ganho de ponto. Para o especialista, fazer o Test Form é essencial para saber o que pode ser feito com o equipamento, como imprimir textos pequenos. A prevenção, diz, vem das boas práticas de produção. Gerson finalizou com uma explicação sobre retículas.

 

Fernando Freitas, coordenador de PWP da tesa, tratou de “Soluções inteligentes para a melhoria do processo”, explicando os benefícios da fita adesiva, como facilidade de reposicionamento e redução de impacto ambiental. As fitas espumadas ajudam o convertedor de papelão ondulado a atingir altas lineaturas, por ser mais resistente e facilitar o manuseio de clichês mais finos.

 

Soluções de fita para abertura, fechamento e reforço de caixas foram mostradas, visando por exemplo o fechamento limpo e seguro da caixa, que vai praticamente pronta ao cliente. Em abertura, há opções para agregar valor ao produto, com opções diferentes de como abrir a embalagem. Para reforço, ajuda na exportação, armazenamento e em diversas intempéries. Em todos os casos, a aplicação pode ser feita inline ou semi-automática. Em papelão ondulado, há opção de fita para emendas. Resiste a altas temperaturas, podendo fazer emendas a mais de 220 graus e velocidades acima de 300 m/min.

 

Tintas e clichês

 

Alessandro Teixeira, gerente técnico da TSA, falou de “Variáveis de processo e novas tecnologias de tintas base água”, com os diversos fatores que atingem a impressão quando o tema é tinta. “Uma tinta, para ser eficiente, tem que trabalhar dentro das especificações, ter boa estabilidade do processo e manter suas características originais de fabricação, como cor, viscosidade e PH”, explica.

 

É importante que o fabricante ofereça uma tinta que tenha boa resistência à atrito. Outra questão é o empilhamento. Os clientes costumam empilhar as embalagens e o convertedor precisa estar atento às características da tinta e do coeficiente de atrito (COF).

 

A TSA mostrou as linhas de destaque em tintas para 2018, como a de alta resistência à abrasão (atrito seco); outro desenvolvimento foi o verniz de segurança viewless, visto somente quando exposto em luz UV, diferencial que pode ser usado de várias formas, como proteção de falsificação e integridade do produto. Outra linha é a cor prata base água e as cores em efeito metálico, pedidos de clientes que buscam por caixas diferenciadas.

 

Tatiana Sanchez Abib, Marketing Communication Consultant LA da DuPont mostrou o avanço do papelão ondulado, tratando de como as caixas display são cada vez mais presentes pelo mundo. Outro exemplo é a que já está sendo levada para a casa do consumidor, como mini caixas de papelão para frutas. A evolução do e-commerce é uma grande oportunidade às empresas, produzindo caixas que chamem a atenção dos clientes, aprimorando a experiência.

 

A especialista falou da transformação do fluxo de trabalho em corrugado, desde o lançamento do fotopolímero. Nos primeiros 20 anos, com um trabalho manual no clichê de borracha, em altas espessuras e baixa dureza, com capacidade limitada de reprodução. Este quadro mudou nos últimos 20 anos, com espessuras mais finas e maiores durezas do fotopolímero. Isto tem colaboração das impressoras, mais rápidas e econômicas, buscando a redução do desperdício; os anilox aumentaram a lineatura; os papéis menor gramatura, reciclados e mais resistentes. Resumindo, este fluxo de trabalho saiu do analógico e migrou ao digital.

 

Tatiana reforça: a gravação digital não é o futuro, e sim o presente no segmento de papelão ondulado. A DuPont lançou em 2017, na Série Easy, a chapa EPC, com cobertura e uniformidade de tinta, densidade de cor, reprodução de altas luzes e lineaturas, com durabilidade, repetibilidade e confiabilidade. Foi possível ver a diferença da formação do ponto com o uso da chapa EPC com exemplos de trabalhos produzidos no mundo todo.

 

O controle das variáveis

 

O consultor Eudes Scarpeta, presidente da Abflexo, explicou sobre o controle das variáveis do processo de papelão ondulado. “O mercado de papelão ondulado nos últimos anos se tornou altamente competitivo, com qualidade percebida pelo cliente cada vez mais alta”. Por estar dentro de um crescente mercado – o de embalagem – o segmento é atrativo, visto que não há um substituto eletrônico para a embalagem.

 

Eudes citou melhorias em processo de pré-impressão – software, fotopolímeros – e impressão – impressora, tinta, anilox e outros. O papelão ondulado é hoje o papel mais consumido no mundo (39% do consumo mundial), por ser de constituição simples, versátil e sustentável – facilmente reciclável e biodegradável, dando resistência para transporte e estocagem. “Muitas vezes, a caixa é a propaganda. Por isso, a percepção de qualidade pela impressão é importante”.

 

Nisso, vem a pergunta: o que é necessário para controlar o processo da impressão de papelão ondulado? Neste avanço tecnológico, houve avanço em rapidez e qualidade. “O setup demorado é uma perda de tempo. Por isso, importante entender novas soluções que vieram para agilizar este processo”. É preciso controlar máquina, papel, clichê, dupla-face, tinta, anilox, mão de obra e métodos.

 

Nas máquinas, está a programação de manutenção preventiva, para que esteja sempre nas melhores condições, além de atualizações e o conhecimento completo do equipamento – limitações e possibilidades tecnológicas. Em papel, é conhecer o papelão e as possibilidades, tendo cuidados em manuseio, cor, armazenamento e colocação da máquina.

 

Nos clichês, é explorar as tecnologias como o flat top dot – ponto plano; buscar as chapas de alta performance e ter cuidado com armazenamento e manuseio, para ampliar a durabilidade. Na dupla-face, há muita tecnologia embarcada, com alto desempenho e resistência química. Quem também avançou foi o anilox, com novos paradigmas. Inspecione o anilox na chegada à fábrica e tenha o controle durante o processo, com constante limpeza, inspeção e armazenamento correto.

 

Nas tintas, é preciso entender qual a melhor aplicação para o seu processo, fazer controles básicos para manter a cor em todo o processo de impressão. Ter a compreensão do princípio das cores e o aumento da gama de cor também são essenciais. Finalmente, há a mão de obra, que precisa ser qualificada, da liderança aos operadores. Eudes Scarpeta encerrou falando que não há duas formas de fazer do modo mais rápido, com menor custo e maior qualidade. Estude, meça, controle e busque o seu método para alcançar a melhor produtividade.

 

“A evolução do anilox e as novas tecnologias de gravação”, foi tema de Renato Decarli, do Departamento Comercial da Laserflex. Ele iniciou destacando que “A caixa é uma ferramenta de marketing, que atrai olhares e dá vontade de consumir”. Por isso a importância de obter as melhores ferramentas de processo. No caso do anilox, a nova geração diminuiu o setup, aumentou o intervalo de limpeza do clichê e do anilox – com menos parada de máquina.

 

Renato falou da linha Cobracell da Laserflex, com maior versatilidade ao convertedor, buscando a melhor transferência de tinta. O especialista explicou a relação entre volume e lineatura do anilox; a nova linha consegue mais volume com a mesma lineatura. A taxa de transferência é destaque, com cargas altas e maior transferência de tinta.

 

Uma escolha errada de BCM pode levar a entintamento com excesso de tinta, com textos e linhas mais sujos. Por isso o Cobracell permite passagens de degradês mais suaves. “O anilox é o coração do grupo impressor”, resumiu Decarli.

 

Edson Polidoro, gerente da Magnus Corte / Clicherlux, mostrou “Tecnologias de Corte Vinco no papelão para altas tiragens ou cromias”. Tratou das facas, que a Clicherlux produz para todas as tiragens, ressaltando que as impressoras estão cada vez mais rápidas e automatizadas. Para isso, é importante que as facas sejam de alta performance.

 

Polidoro listou desafios do fabricante de embalagem, como planejamento constante da embalagem. Isto vai do design ao corte a laser, montagem e acabamento. E a manta de poliuretano, que precisa estar com as especificações corretas para chegar ao melhor resultado final de corte. A empresa, diz, Edson, analisa o produto do cliente e, sempre que necessário, reporta as modificações necessárias.

 

Quem finalizou o Flexo Talk & Show em papelão ondulado foi Luciano Trombeta, diretor da Clicherlux, com “Novas oportunidades e aplicação de mercado com flexografia no papelão ondulado”. Ele falou sobre conhecer o processo de impressão: várias lineaturas do mesmo trabalho, combinações de microcélulas, ganho de ponto, condições de impressão e outros pontos. As informações são passadas ao software, que dá os parâmetros a serem trabalhados.

 

Trombeta tratou da prova contratual e do gerenciamento correto de cores, e como as novas tecnologias agilizaram este processo. Entre as ferramentas, estão os softwares de edição de imagens, como Photoshop e Illustrator. Porém, o especialista reforçou: a engrenagem principal de uma empresa é o talento humano.

 

A palestra foi finalizada com exemplos criativos da evolução do papelão no ponto de venda, que transformam a caixa de um meio para transporte para uma verdadeira expositora, atrativa na prateleira. “Com as ferramentas corretas, a flexografia hoje não tem limites”, finalizou. No encerramento do Flexo Talk & Show, foram promovidos sorteios do livro “A História da Flexografia do Brasil”, produzido pela Abflexo.